A chuva caía como se o céu também tivesse desabado.
Grossa, incessante, fria.
Cada gota parecia ecoar o que ele sentia — uma confissão que o mundo inteiro já sabia.
Apolo caminhou sem rumo pela calçada, o terno pesando nos ombros, o ar rasgando o peito.
As palavras dela ainda vibravam dentro dele, como lâminas presas entre os ossos.
“Por que agora, Apolo? Por que sempre quando eu tento seguir?”
Porque ele nunca soube deixá-la ir.
Nunca soube viver em paz sem o som da voz dela dentro da cabeça.
Entrou no carro sem pensar.
Ligou o motor, mas não conseguiu dirigir.
As mãos tremiam sobre o volante. O espelho devolveu o reflexo de um homem que ele mal reconhecia — olhos vermelhos, mandíbula trincada, o peso de todas as escolhas erradas estampado na pele.
Brenda.
O nome queimava.
Ele ainda sentia o perfume dela misturado ao da chuva, e isso o fazia querer socar o próprio peito.
Ela havia aparecido de repente naquela noite, no escritório, sorrindo como quem sabia exatamente onde acertar.
Dis