POV Isabela
O dia amanheceu cinza, pesado, como se até o céu soubesse que havia algo suspenso no ar. Não dormi. Não conseguia. A voz masculina ainda vibrava dentro da minha cabeça, repetindo a frase como uma senha de acesso a um segredo que eu ainda não tinha a chave para abrir.
"Não é ele que precisa te preocupar. É quem serve a mesa."
Sentei diante do espelho, deixei que a luz fria da manhã revelasse cada detalhe do meu rosto. Não havia olheiras, corretivo resolve qualquer traço de cansaço, mas os olhos, esses sim, estavam diferentes. Não cansados. Atentos. De quem não tira a vista do tabuleiro nem por um segundo.
Enquanto o maquiador ajeitava meu rosto para o compromisso da tarde, minhas mãos deslizavam pelo celular. Nenhuma nova mensagem. Nenhuma nova ligação. O número oculto parecia saber quando falar e, mais ainda, quando silenciar.
— A senhora prefere algo mais neutro ou… — o maquiador hesitou, observando.
— Neutro. — Minha voz cortou firme. — Hoje, quero que notem as palav