POV Isabela CostaA entrada no coquetel foi como atravessar uma vitrine de cristal com um machado invisível nas costas. Todos olhavam. E ninguém dizia nada. Meus saltos tocaram o chão de mármore como se cada passo anunciando minha presença fosse uma ofensa. As luzes, as taças, os arranjos florais, tudo perfeitamente calculado para parecer espontâneo. Mas ali, naquele cenário de sorrisos plásticos e olhares programados, eu era a rachadura.Meu pai estava impecável. Terno cinza escuro, gravata azul marinho. Daniel, ao seu lado, parecia o marido do ano, elegante, sorridente, desprezível. E minha mãe... ela estava bela como sempre, mas com os olhos distantes, como se sua alma tivesse esquecido o corpo em algum aeroporto. Atrás deles, Leonel. Traje escuro, postura firme, olhar em mim. Mas ao contrário dos outros, ele não fingia. Não disfarçava. E não me julgava.Segui com o rosto erguido. Vestia um longo preto de seda, justo na cintura e com um decote discreto. A maquiagem deixava a pele
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