POV Leonel
O vento daquela noite parecia mais pesado do que o normal, carregado de uma eletricidade invisível que deixava cada passo impregnado de alerta. O evento tinha acabado há pouco, e a movimentação ainda se dispersava pelas ruas iluminadas pelos postes intermitentes. Eu observava à distância, fingindo distração, mas com os olhos fixos em uma figura que já se tornara meu eixo: Isabela.
Ela caminhava sozinha, segura de si como sempre, a cabeça erguida e os ombros firmes. Mas eu conhecia sinais que os outros ignoravam. A forma como seu olhar se movia de canto a canto, como se medisse sombras; o jeito em que sua mão se demorava mais do que o necessário perto da bolsa; a velocidade controlada de seus passos, nem rápida demais para parecer fuga, nem lenta a ponto de se tornar alvo fácil. Ela sabia. Alguém a seguia. E eu também sabia.
Atrás dela, dois homens discretos demais para serem casuais caminhavam em paralelo, alternando olhares quase imperceptíveis. Não eram ladrões comuns; o