POV Isabela
O silêncio do quarto me acolheu como cúmplice. Fechei a porta devagar, respirei fundo e encostei as costas na madeira fria. Minhas mãos ainda seguravam a clutch, mas o peso verdadeiro estava dentro dela. Um envelope. Branco, comum, mas com a densidade de uma granada. Coloquei-o sobre a escrivaninha e fiquei observando por alguns segundos. Ele parecia pulsar, chamar meu nome, como se soubesse que estava prestes a mudar tudo.
Abri.
Dentro, fotos. Impressas em papel de boa qualidade, não aquelas digitais borradas que circulam em redes sociais. Alguém se deu ao trabalho de organizar um dossiê. Daniel, em um quarto de hotel, sem aliança, camisa aberta, rindo. Ao lado dele, Fabiana. O corpo dela enrolado em lençóis brancos, a marca evidente da intimidade que já não se dava ao trabalho de esconder.
As datas estavam no rodapé: meses diferentes, em hotéis distintos, todos pagos em dinheiro vivo. Havia também cópias de notas de consumo: jantares caros, champanhes, presentes comprado