POV Isabela
O jardim da Fundação tinha algo de artificial naquela tarde. O gramado impecável, as flores brancas enfileiradas como soldados, os bancos de pedra que meu pai mandara instalar para passar uma impressão de equilíbrio e paz. Tudo tão ensaiado, tão controlado… e ainda assim, naquele silêncio quase sufocante, parecia que alguma engrenagem estava fora do lugar.
Sentei no banco mais afastado, à sombra de uma palmeira, com a xícara de café na mão. Não tinha dormido. A noite inteira, virei de um lado para o outro, ouvindo de novo a voz rouca, masculina, repetindo como uma sentença:
“Não é ele que precisa te preocupar. É quem serve a mesa.”
Na hora, soou como um enigma. Mas quanto mais repetia em minha cabeça, mais parecia uma verdade perigosa. Nada do que Daniel faz é por acaso. Ele nunca foi só um marido infiel, é um homem que joga em camadas. Cada amante, cada mentira, cada aparição pública, cada foto planejada… tudo é parte de um teatro de controle. E o que o ator mais teme não