Acordo

Jon sorriu sem intenção, ao mesmo tempo que permanecia parado de costas para ela.

Como ela pode ser tão estúpida!?

Percebendo como estava exposta em um roupão que lhe abraçava perfeitamente, Elara cobriu-se até o queixo.

— Tenho apenas uma condição senhor!— A voz dela saiu mais firme.

Jon notou a mudança. Girou o corpo sobre os calcanhares e a encarando questionou por fim, suas mãos estavam cada qual num bolso interno da calça social.

— Tudo bem, pode falar sua condição!— Os olhos dele pareciam tentar decodificar cada pensamento dela.

Elara apertou ainda mais as cobertas sobre si.

— Tenho uma dívida que precisa ser paga, só preciso que me ajude com isso e farei o que você quiser… só não quero terminar como... — As lágrimas corriam por sua face novamente.

Jon suspirou.

— Quanto a isso não se preocupe! Torne-se minha esposa e tudo será resolvido!— as palavras causaram um efeito contrário.

— O senhor está me pedindo em casamento?— a voz de Elara estava três tons abaixo do normal.

Jon notou o choque. Se aproximou cauteloso.

"Não era bem essa reação que eu esperava."

— Esta é minha condição! Ajudo você quanto as suas dívidas pessoais ou não! Desde que se case comigo e finja para todos estar apaixonada!— As mãos dele já estavam estendidas diante dela.

Elara suspirou nervosa antes de retribuir o gesto.

— Tudo bem, senhor! Farei tudo que me diz para fazer, exceto ter intimidade com o senhor!— As mãos dela estavam frias nas mãos de Jon.

— Não se preocupe! Você não faz o meu tipo! E para que você se sinta ainda mais resguardada em seus termos, firmaremos um contrato!— ele continuava a apertar as mãos dela, que sem perceber fazia o mesmo.

— Porque precisa de um acordo de casamento com uma desconhecida se o senhor pode casar-se com quem quiser?— Elara questionava com certa curiosidade, pois já notara todos os padrões de Jon: herdeiro de um império, a Odero imports, bonito e desejado.

Ele tentou não ser irônico. O que era quase impossível.

— É justamente por isso que preciso de um acordo! Nenhuma mulher em especial me agrada!—Ele retirou as mãos das dela. Cada qual se retraiu a sua maneira.

— Além disso... Minha família espera que eu me case e tenha um herdeiro logo!— comentou frustrado.

Elara o encarou questionando, em seguida:

— Você por acaso não seria...— as palavras dela ficaram no meio do caminho.

Ela tentou não parecer pretensiosa demais, até porque deveria saber o principal.

— Nem pense em dar vazão a sua imaginação! Eu não sou ‘gay’ se é isso que quer saber! Só não tenho desejo de me apegar a ninguém!— sua voz soou firme.

Elara limpou a garganta tentando se recompor.

— Se estiver realmente disposta a me ajudar, ao final de um ano, você estará livre e ainda será muito bem recompensada!— Ele finalizou a encarando.

Elara não expressou nenhuma reação, afinal de contas, ela não sabia o que iria fazer depois que tudo acabasse.

— Farei o meu melhor, senhor Odero!— O coração queria saltar, mas suas palavras foram convictas.

Jon sorriu, satisfeito.

— Mais uma coisa! — disse, aproximando-se dela até restarem apenas alguns centímetros entre eles.

Podiam ouvir a respiração um do outro.

— Vamos ter de ficar no mesmo quarto, mas não se preocupe... não dividiremos cama ou lençóis. Exceto quando necessário. — Os olhos dele a perfuraram com a mesma intensidade que suas palavras.

Elara agarrou os lençóis com força. Os lábios tremeram.

— O que quer dizer com “quando necessário”? — A voz entrecortada fazia parecer que Jon tinha segundas intenções.

Ele se afastou a tempo de evitar mais confusão.

— Minha família gosta de pregar peças — explicou, cruzando os braços. — Então, sugiro que fiquemos no mesmo quarto e, de preferência, não tão distantes. — Uma sobrancelha arqueou-se, provocando-a.

— Tudo bem... se é assim... — Ela não tinha certeza do que estava aceitando, mas concordou mesmo assim.

Jon já estava prestes a sair do cômodo quando Elara o chamou, hesitante:

— Você poderia... deixar eu ficar na sua casa? Quer dizer... eu não tenho para onde ir. — A voz dela tremeu.

Ela não o conhecia em nenhum aspecto, mas, mesmo assim, naquele momento ele era sua única esperança.

"Oh, por favor..."

Os pensamentos fervilhavam dentro dela, tomados de ansiedade. Jon, por outro lado, manteve-se em silêncio. A mão já estava na maçaneta. Um leve sorriso se desenhou em seus lábios. Era o momento que ele esperava.

"Essa é a chance perfeita. Talvez seja isso, não existe acaso... mas propósito."

Ele virou-se lentamente para ela, deixando claro que realmente aquela situação também lhe era favorável.

— Está me dizendo que não tem onde ficar? Por acaso esteve em lugar nenhum durante todo esse tempo? — perguntou, a voz grave.

O tom dele fez Elara vacilar, mas também a envolveu por completo.

A tristeza tomou conta do semblante dela.

— É isso mesmo... Tenho uma história que o senhor provavelmente não acreditaria nem por um segundo. — A voz falhou.

Por mais rude que fosse, Jon sentiu o estômago pesar. Um nó se formou em sua garganta.

"M****."

— Não precisa me contar nada agora. O importante é cuidar de si mesma. — Ele a encarou, firme, mas com certa suavidade.

— Precisamos que você ganhe peso, aprenda a se vestir e a se comportar como uma verdadeira esposa de um diretor executivo. — Retirou o celular do bolso e o levou ao ouvido.

— Peça para a médica vir aqui amanhã cedo — disse ao telefone. — E providencie roupas femininas e sapatos.

Olhou de relance para Elara, como se medisse cada detalhe dela.

— Sim... tamanho trinta e oito, sapatos trinta e seis. Mande também que Suzane venha. Certo. Até mais tarde. — Desligou e guardou o aparelho no bolso interno do paletó.

Elara ergueu a mão timidamente.

— Fale. — A voz dele não soou rude dessa vez.

— Como sabe o tamanho que eu visto... ou o número que calço? — perguntou, desconfortável.

Jon esboçou um leve sorriso.

— Bom, eu a trouxe até aqui, não foi? Já deve imaginar como sei. — Apertando uma mão contra a outra, despediu-se.

— Agora eu preciso descer. Vista qualquer coisa que lhe parecer confortável. Por enquanto, não tenho roupas femininas... então, bom proveito. — Foi novamente até a maçaneta.

— Obrigada, senhor. — A voz dela saiu rouca, talvez pela emoção ou porque aquele dia fora realmente muito intenso.

— Não demore a descer. Odeio esperar. — A porta se fechou atrás dele.

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