A farsa começa

Elara se recompôs rapidamente, criando espaço entre eles.

— Eu não sabia que o senhor estava aqui... Eu... vou ao banheiro. — Ela agitava as mãos no ar, nervosa, deixando claro que a presença dele a desconcertava.

Jon ergueu uma sobrancelha, e um sorriso malicioso surgiu no canto de seus lábios.

Elara passou por ele quase correndo e trancou-se no banheiro. Por alguns segundos, permaneceu com as costas coladas à porta, o coração galopando.

As mãos trêmulas soltaram devagar a maçaneta dourada. Seus olhos refletidos no espelho a julgavam severamente.

"O que diabos você pensa que está fazendo? Você nem o conhece de verdade. E também... só está aqui para cumprir um acordo."

Quase bateu na própria testa, indignada com o rumo que as coisas começavam a tomar.

"Eu só preciso passar por tudo isso... Volte lá antes que ele desista do acordo, afinal, você têm mais a perder do que ele."

Suspirou, pousando as mãos sobre o peito. Girou nos calcanhares e abriu a porta. Caminhou alguns passos sem olhar para a frente — até colidir com o que parecia um muro.

Seu olhar se ergueu para encontrar o peitoral de Jon, que a observava com um sorriso divertido.

— Acredito que você tenha segundas intenções quando está comigo. — A voz dele era baixa, provocante.

Elara percebeu que ele se referia às mãos dela, ainda pousadas sobre o peito dele. Corou violentamente e afastou-se tão rápido que quase caiu, exceto pelos reflexos de Jon que a segurou pela cintura em instinto protetor.

— Desculpe! Eu sou muito desajeitada... Se eu disser que não foi intencional, você acreditaria? — A voz dela tremia.

Jon a viu engolir em seco. A pele dela parecia em brasa sob o toque dele.

"Não é certo. Preciso apenas que ela finja ser minha mulher por um ano. Assim, minha mãe e meu avô não terão o que dizer."

Elara sentiu as mãos dele a abandonar. Suspirou aliviada, enquanto ele se afastava. O toque do celular quebrou o silêncio.

— Amanhã cedo... E o que pedi? — Jon falava com seriedade, os olhos ainda presos nela.

Elara permaneceu imóvel, sem saber se a conversa dizia respeito a ela. Mas a intensidade do olhar dele não deixava espaço para dúvidas.

Jon encerrou a ligação com um breve:

— Bom trabalho.

Em seguida, caminhou até ela. Elara mal teve tempo de reagir quando sentiu os dedos dele desamarrando a gravata de tecido presa à sua cintura.

— Mas... — a voz dela se perdeu quando percebeu a suavidade do gesto. O perfume dele — uma combinação de madeira e menta fresca — a envolvia.

— Comporte-se! Suzane vai entrar em um instante com as roupas e os sapatos! — A voz dele soou serena, quase angelical, e isso a desarmou ainda mais.

Seus pensamentos se confundiam quando uma batida na porta interrompeu o momento.

— Entre! — disse Jon, sem alterar o tom.

A porta se abriu e uma mulher loira, de aparência etérea, entrou no ambiente.

Elara permaneceu imóvel, surpresa. Jon, aproveitando o instante, a segurava pela cintura, num gesto tão natural quanto provocante.

"Mas o que ele pensa que está fazendo?"

Os olhos de Suzane pescaram cada detalhe: a gravata entre os dedos de Jon, escorregando pela cintura de Elara, e os dois primeiros botões da camisa de seu chefe abertos, revelando parte de seu peitoral.

Ela engoliu em seco. Era a primeira vez que o via em roupas de dormir.

"Nossa! Como ele pode ser ainda mais sexy vestido assim? Isso é seda... ou veludo? Queria tanto tocar-lhe ..."

A voz de Jon cortou seus devaneios:

— Por acaso você não está esquecendo de alguma coisa, Suzane? — O tom era denso, firme, capaz de deixar marcas no ar.

A mulher empalideceu. Lembrou-se do mostruário de roupas, que trazia consigo e o puxou à frente de Elara e Jon, junto com as sacolas penduradas nos ganchos ao lado das roupas.

— Sinto muito... me distraí por um segundo. Senhor Jon, aqui está tudo o que me pediu! — A voz dela saiu entrecortada, denunciando o efeito que ele causava nela.

 Elara podia jurar que sentira o olhar cortante que a loira lhe lançou. Suas mãos apertaram instintivamente as de Jon, ainda firmes sobre sua cintura.

— Obrigada, Suzane! Pode deixar aí. Minha noiva vai escolher as combinações que mais lhe agradarem. — A voz dele era leve, mas aveludada o bastante para arrepiar a pele de Elara.

Suzane pigarreou, chamando a atenção do casal.

— Mas eu pensei que o senhor estivesse noivo da senhorita Bianca, senhor Odero... — insinuou, com um sorriso traiçoeiro.

Jon virou-se lentamente, o olhar ferino por sobre o ombro de Elara.

— Não sabia que a senhorita Cortês também incitava rumores por aí. — A frieza em sua voz era cortante.

Elara sentiu as mãos dele deslizarem sobre as suas — um gesto protetor, ou provocador, ela não sabia dizer.

"Quando isso vai acabar? Ele está me provocando deliberadamente... ou tentando me ensinar como devo reagir?"

Elara pegou a deixa e resolveu agir.

— Pensou errado, Suzane. E, a propósito... não posso dizer que é um prazer conhecê-la. — O veneno na voz de Elara foi certeiro.

Jon conteve o riso, satisfeito pela atuação de sua futura noiva.

— Perdoe-me se fui grosseira, senhor. — Suzane fez uma reverência exagerada em direção a Jon, que apenas gesticulou de modo ríspido.

— Avise a todos: se alguém maltratar minha noiva, vai se entender diretamente comigo. — Sua voz gélida fez o ar parecer mais denso.

Suzane saiu aos tropeços.

Elara, aliviada, desfez-se da encenação. Mas ainda sentia a sombra perigosa de Jon pairando proximo a ela. Assim que a porta se fechou, ela afastou-se rapidamente do toque dele, tentando despir-se daquele papel constrangedor.

As mãos dela repousaram sobre o peito, buscando ritmo. Jon a observava com um interesse indecifrável. O olhar dele percorreu devagar os botões da camisa que ela vestia- dois deles abertos-seus olhos jamais abandonaram sua presa.

— Estou intrigado — disse ele, a voz grave, mas com um toque de doçura e curiosidade.

Elara podia sentir o quanto estava prestes a se queimar.

— O que está intrigando o senhor? — murmurou, tentando escapar de seu campo de visão. Mas, a cada passo que dava para trás, ele avançava.

As costas dela tocaram a parede fria. O coração batia forte demais — como se a própria parede a empurrasse de volta para ele.

"Por que isso está acontecendo?"

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