Narrado por Zalea Baranov
Eu estava sentada na beirada da cama, os dedos entrelaçados no colo, os joelhos juntos, como se o simples gesto de manter-me ereta fosse o último fio que me impedia de ruir por completo. Meu coração batia como um tambor de guerra, apressado, reverberando nos tímpanos.
Algo em mim já sabia o que se aproximava. Sentia. O pressentimento gélido enroscado no ventre, o tremor sútil nos dedos — meu corpo, sábio e silencioso, já reagia à sentença que meus ouvidos ainda não haviam escutado.
Compreendia que Dione só vislumbrou um único caminho para minha fuga desta casa, das mãos do meu pai, das feridas: casar-me com Leonid Raskolnikov. Eu entendia, mesmo com o coração aos cacos. Porque fora as palavras mansas e vazias de Zaiden, eu não tinha a quem me prender.
Mas não era o matrimônio em si que me gelava por dentro. Era Leonid. Ele não era um homem comum. Era o Don. Um lobo entre chacais, um soberano envolto em sombras. Casar com ele não me daria liberdade. Seria apen