Narrado por Zalea Baranov
Acordei mergulhada em um silêncio espesso, como se o mundo houvesse sido mergulhado em névoa. O teto branco do quarto do hospital parecia distante, quase irrelevante diante da pressão que apertava meu peito. Não era dor… era ausência. A ausência de tudo que eu sabia, de tudo que lembrava.
Por um instante, pensei estar morta.
Tentei me mover, mas meu corpo parecia feito de vidro rachado — sensível, prestes a quebrar a qualquer toque mais forte. Foi então que meus dedos, hesitantes, buscaram a curva da minha barriga.
Vazia.
Meu coração tropeçou.
Não.
Não.
Não.
As lembranças vieram como punhais. A madrugada. A dor rasgando. O sangue. Os gritos. As luzes. As mãos me puxando para a superfície enquanto algo dentro de mim afundava.
— Cadê meu bebê… — sussurrei, a voz falha, engolida pelas paredes do quarto branco demais, frio demais.
As lágrimas queimaram antes mesmo de escorrer. Meu corpo parecia uma prisão vazia. Meu ventre, um altar abandonado.
E então, ouvi.
Um