Narrado por Zalea Baranov
Eu não deveria ter ido.
Sabia disso antes mesmo de cruzar a porta, quando ainda sentia o zíper do vestido arranhando minha coluna e o peso do olhar de Dione deslizando por minhas costas como veneno. Vestido vermelho. Seda justa. Um espetáculo montado para os olhos do mundo — e para alimentar o orgulho podre de Ivan Baranov.
Mas por dentro, eu sangrava.
Cada passo que dei naquela noite foi um ato de desobediência silenciosa. Porque mesmo presa em salto alto, mesmo envernizada como um bibelô em vitrine de luxo, minha alma gritava por um lugar que não conhecia. Gritava por ele.
Agora, sentada na penumbra do quarto, com o corpo ainda quente dos ecos de Zaiden, não sei se o que fiz foi coragem ou fraqueza. Só sei que não há como voltar atrás.
O gosto dele ainda estava na minha boca.
Seu toque, em minha pele. Sua promessa, em meus ossos.
“Você é minha, Zalea. Eu não vou deixar ninguém te machucar de novo.”
Fechei os olhos e encostei a cabeça na parede, permitindo q