Narrado por Leonid Raskolnikov

Eu a vi partir com a altivez de quem pensa estar vencendo uma guerra — passos firmes no mármore frio, a silhueta desenhada pela arrogância e pelo medo mal disfarçado.

Zalea Baranov.

Tão carregada de orgulho quanto de dor, com a alma feita de aço e as cicatrizes gravadas como joias ocultas. Ela queria me desafiar, brincar com o fogo que arde em minha presença como se não fosse se queimar. Como se eu fosse apenas mais um homem seduzido pelo veneno do seu olhar.

Mas eu não sou homem.

Sou tempestade.

Sou o abismo para onde os santos caem quando pecam com gosto.

Ela pensava que tinha vendido a alma para o diabo.

Mas o diabo era eu.

E eu já não sabia mais se era ela quem estava presa a mim, ou se era eu que me via afogado nos olhos de um anjo manchado.

Soltei os botões dos punhos da camisa com lentidão. O ar do escritório parecia denso, intoxicado pelo gosto do que havíamos dividido. A memória do beijo ainda ardia em meus lábios — um veneno doce que corroía o