Narrado por Leonid Raskolnikov
Esperei por vinte minutos. O tempo escorria lento, cruel, como o sangue que pinga de uma ferida aberta. Mas Zalea não apareceu.
Minha paciência — se é que um dia existiu — era um vício que eu nunca cultivei. Preferia o silêncio cortante ao ruído do tempo desperdiçado. Levantei-me, passos silenciosos como um predador em seu próprio domínio, e fui até o quarto dela.
A porta se abriu sem esforço, gemendo baixinho como se temesse interromper algo sagrado. E ali estava ela. A figura imóvel diante da varanda, banhada pela luz pálida da cidade que vazava pelas janelas como uma prece sem fé. O cabelo preso num coque desfeito, fios rebeldes emoldurando um rosto que parecia esculpido em cinza e tristeza.
Ela era a própria pintura da dor disfarçada de elegância.
Os braços cruzados sobre o peito — uma muralha frágil contra o passado. O olhar perdido em algum ponto invisível, como se buscasse respostas no nevoeiro da noite.
— Já está pronta? — perguntei, a voz mais