Narrado por Zalea Baranov
Os dias começaram a passar mais rápidos.
Como se o tempo, cansado de dor, decidisse correr para nos levar a um lugar onde a ferida pudesse, enfim, cicatrizar.
E como uma brisa silenciosa — daquelas que não se anunciam, mas que arrepiam a pele — eu sentia a mudança.
Não apenas em meu corpo, que agora carregava em silêncio o peso sagrado de um novo coração,
mas dentro de mim… onde as ruínas começavam a florir.
Era uma cura mútua.
Feita de olhares calados, de mãos entrelaçadas durante o entardecer.
Uma cura que não fazia alarde, mas deixava rastros por onde passava.
O vazio deixado por Zaiden, antes cruel e pulsante, foi sendo tomado por náuseas noturnas e vômitos que me arrancavam lágrimas silenciosas.
As lembranças dele, feitas de medo e febre, foram aos poucos afogadas no som do riso abafado de Leonid me contando histórias do mundo,
ou no calor de seus dedos repousando sobre meu ventre com uma ternura que ele nunca ousava nomear.
Certa manhã, fui atraída por