Naquela manhã, depois de dormir com o amor da minha vida — com o homem que trouxe luz para cada pedaço esfacelado do meu ser —, o mundo parecia suspenso, por um instante, em algo que quase se parecia com paz.
Eu o observei se levantar em silêncio, os músculos tensos, o olhar atento ao som de passos que não vinham de nós. Vestiu a camisa devagar, como se não quisesse acordar a realidade, e caminhou até mim com leveza.
Beijou meus cabelos com a delicadeza de quem beija um campo de ruínas com esperança.
— Preciso ir ali fora resolver uns problemas — sussurrou. — Já volto.
— Estarei aqui no mesmo lugar… — murmurei, com os olhos ainda semiabertos. — Aproveita e vê com o médico se já podemos ir para casa.
— Tá bom, Mayá Lyubóv. — meu amor.
Sorri com a palavra. Era como um acalento. Como se ele me selasse com algo eterno, mesmo sem prometer nada.
Mas depois de quase quarenta minutos, ele voltou. E seu rosto… havia mudado. Trazia uma dureza que não me visitava desde os dias mais escuros. Havi