Narrado por Leonid Raskolnikov
O corredor até o subterrâneo da sede parecia mais longo naquela manhã. Cada passo ecoava como um presságio, reverberando pelas paredes grossas, como se o próprio edifício soubesse que algo estava prestes a ser decidido ali embaixo — algo que não se poderia desfazer.
Zalea caminhava ao meu lado, envolta em um sobretudo espesso que mal disfarçava a fragilidade de seu corpo em recuperação. Mas havia algo em seus olhos que nenhuma dor conseguia apagar: o fogo. Ela não era mais a menina que buscava salvação em sussurros. Agora ela era tempestade que escolhia quando cair.
Minhas mãos tremiam e não era pelo frio. Eu a observava como se ela fosse feita de cristal e aço ao mesmo tempo — tão frágil, tão inquebrável. E por mais que o instinto quisesse protegê-la do horror que a aguardava lá embaixo, uma parte de mim sabia: ela precisava ver com os próprios olhos o monstro reduzido a nada.
Os dois guardas diante da porta de ferro me lançaram olhares tensos, mas ced