Zurique.
Mansão Moreau.
Madrugada, 03h02.
Chuva escorrendo pelas vidraças, pingando como se marcasse o tempo que não passa.
Na sala:
Victor de roupão de seda, taça de vinho que já virou água parada.
Mireille folheando relatórios, tablet em cima do colo, óculos na ponta do nariz.
Valentina, sentada no braço do sofá, pernas cruzadas, olhar perdido na tela da TV.
Na TV:
“Helicóptero de bilionário francês continua desaparecido. Autoridades suíças e francesas divergem sobre buscas. Sem vestígios, sem corpos.”
Victor suspira, fala mais pra si mesmo:
— Se esse homem aparecer, eu caso na igreja. E de véu.
Valentina não ri.
Não rebate.
A mão aperta o braço do sofá — mas o rosto segue imóvel, bonito, impenetrável.
Mireille ergue os olhos do tablet, solta seco:
— Nenhum sinal. E não há resgate que funcione se não houver pista.
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Lá fora…
Faróis cruzam a entrada.
Motor de carro cortado no meio da madrugada.
Victor ergue uma sobrancelha:
— Isso não é delivery, né?
Mireille levanta da poltrona, aje