Zurique.
Casa Moreau.
00h47.
A lareira ardia na sala.
Victor de roupĂŁo, sentado com Mireille â que fingia que nĂŁo estava fungando entre um gole de chĂĄ e outro.
Leon, encostado na porta, braços cruzados, mas com o maxilar menos travado do que de costume.
Valentina, de pé, perto da janela, mordendo a ponta do dedo, ainda segurando o rastro salgado que Dante trouxe na pele.
No centro, Dante Moreau.
De pé.
Camisa rasgada, corpo com arranhĂ”es ainda Ășmidos de ĂĄgua salgada.
Olhar aceso, mas longe.
Como se ainda estivesse lĂĄ fora, entre as ondas.
Ele respirou fundo.
Girou o anel no dedo.
Olhou pra cada um.
E soltou, voz baixa, firme, do jeito que quem manda confessa â mas nĂŁo se desculpa.
â O helicĂłptero nĂŁo caiu por acidente.
SilĂȘncio.
SĂł o estalar da lenha queimando.
Leon franziu a testa.
Victor ergueu as sobrancelhas, jĂĄ segurando um pacote de bolacha â nervoso.
Dante continuou:
â AlguĂ©m do meu cĂrculo plantou um dispositivo no rotor de cauda. Um hack simples.
Disfarçado de falha mecùnica.