Zurique.
Casa Moreau.
02h03.
A sala se esvaziou.
Mireille, Leon, Victor⊠cada um sumiu nos corredores silenciosos.
SĂł o fogo na lareira ainda estalava, queimando o ar frio que vinha de fora.
Dante subiu as escadas com Valentina colada na mĂŁo dele.
Sem palavras.
Sem promessas.
SĂł aquele silĂȘncio que jĂĄ dizia tudo: ninguĂ©m ousa tocar o que Ă© dele.
O quarto de Dante parecia menos um quarto e mais um cofre de segredos.
Vidro duplo.
Cortinas pesadas.
Uma cama king-size com lençóis pretos tão alinhados que pareciam uma pista de crime esperando cena.
Ele soltou a mĂŁo dela, tirou o blazer, largou na poltrona.
Caminhou atĂ© o frigobar, pegou uma garrafa de ĂĄgua, abriu â mas nĂŁo bebeu.
Virou, encostou na beirada da cĂŽmoda.
Olhou pra ela.
Valentina ficou parada, ainda vestindo o blazer dele por cima da roupa que Victor escolheu horas antes.
Descalça.
Cabelo solto, caindo nos ombros.
Olhos fixos.
Coração tão barulhento que parecia querer arrombar a caixa toråcica.
â Fala. â ela soltou, quebrando o