Zurique.
Mansão Moreau.
Sala de estar.
Chuva batendo na vidraça como se quisesse entrar.
Victor de um lado, Mireille de outro, Valentina sentada com a cabeça apoiada na mão.
TV ligada — som mudo, legenda gritando a mesma manchete que não morre: “Bilionário francês desaparecido — buscas entram na segunda semana.”
Do lado de fora, um carro preto para devagar.
Nenhuma sirene. Nenhuma buzina.
Motor desliga — o ronco abafado some na noite cinza.
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Valentina respira fundo, olhos baixos.
Victor passa a mão nos ombros dela, mas não fala.
Mireille olha pro tablet, mastigando números, possibilidades, pistas que não existem.
De repente…
Três batidas secas na porta principal.
A governanta ergue o olhar. Victor trava no meio do sofá. Valentina se endireita, respiração prendendo na garganta.
— Espera… — diz Victor, levantando o indicador. — Ninguém toca essa campainha sem avisar, muito menos nessa hora.
Silêncio.
Mireille olha pra Valentina, tensa:
— Tá esperando alguém?
Valentina balança a cabeça,