Início / Romance / LUXO PROIBIDO / 📍Capítulo 5 – CONVOCAÇÃO, NÃO CONVITE.
📍Capítulo 5 – CONVOCAÇÃO, NÃO CONVITE.

O quarto nĂŁo cheirava a sexo.

Nem a amor.

Nem a prazer.

Cheirava a poder.

A controle.

A um tipo de luxo tão gelado
 que queimava.

Vidros blindados.

Cortinas grossas.

MĂĄrmore preto por todos os lados.

E um silĂȘncio
 tĂŁo absoluto
 que fazia qualquer pensamento parecer barulhento demais.

âž»

A cama, intacta.

Porque eu nĂŁo durmo com cliente.

Nunca.

NĂŁo Ă© regra.

É instinto de sobrevivĂȘncia.

É controle.

Ele goza.

Eu me visto.

Ele paga.

Eu sumo.

Simples.

CirĂșrgico.

Sem margem pra erro.

Mas naquela manhã


Eu ainda estava ali.

Sozinha.

Como sempre.

Ou
 como eu achava que gostava de estar.

âž»

A cidade lĂĄ fora parecia congelada em preto e branco.

Moscou pintada de neve, de segredos, de pecados mascarados de riqueza.

Aqui dentro?

Só eu, meus pensamentos


E um vazio que, pela primeira vez, nĂŁo parecia escolha.

âž»

Poltrona de couro marrom.

Pele nua debaixo do robe de seda.

Pernas cruzadas.

Cigarro queimando no cinzeiro.

E meu olhar
 grudado no vidro.

**NĂŁo era sĂł sobre pensar.

Era sobre lembrar.

Sobre rever, cena por cena, o olhar dele atravessando minha pele na noite anterior.

**Aquele olhar


NĂŁo foi desejo.

Foi posse disfarçada de curiosidade.

Foi domĂ­nio sem contrato.

Foi a prĂ©via do inferno disfarçada de silĂȘncio.

âž»

Eu tentei ignorar.

Fingi que o mundo lĂĄ fora ainda era maior que ele.

Mas o cheiro dele tava na minha memĂłria.

O gosto, na minha boca.

O olhar, tatuado no meu sistema nervoso.

âž»

TOC. TOC.

A batida foi seca.

Firme.

Duas vezes.

Sem hesitação.

Sem gentileza.

Sem opção.

Levantei.

Apertei o nĂł do robe na cintura.

Fui até a porta.

âž»

Do outro lado, uma funcionĂĄria do hotel.

Jovem.

Rosto treinado pra parecer neutro.

Mas o desconforto escorria pelos olhos dela, mesmo que ela fingisse que nĂŁo.

— Entrega para a senhorita LaRue. — voz ensaiada.

Um envelope preto.

**Luxuoso.

Textura macia.

Espesso.

**Sem nome.

Sem logotipo.

Sem remetente.

Apenas um lacre dourado.

— Devo esperar resposta? — ela pergunta, sem me olhar de verdade.

— Não. — respondi, seca.

E fechei a porta.

Devagar.

Trancando não só a maçaneta


Mas o prĂłprio ar do lado de dentro.

âž»

A palma da minha mĂŁo sentiu o peso.

**O envelope era mais pesado do que deveria.

NĂŁo fisicamente.

**Psicologicamente.

Porque eu jĂĄ sabia o que estava dentro.

Sem abrir.

SĂł um homem com poder real envia algo assim.

**Um homem que nĂŁo pergunta.

Que nĂŁo sugere.

Que nĂŁo implora.

**Um homem que
 convoca.

âž»

Rasguei o lacre.

O som parecia mais alto do que deveria.

Dentro


Papel creme.

Espesso.

Perfeito.

Letra firme.

Caligrafia elegante com toque de militar.

**“Quarto 313. Hoje. 22h.

Sem maquiagem.

Sem salto.

Sem mentiras.

— D.”**

âž»

O mundo congelou.

Mas nĂŁo foi a neve.

Foi o silĂȘncio dentro de mim
 explodindo.

D.

**Eu nĂŁo precisava de sobrenome.

Nem de confirmação.

**Era ele.

O homem da festa.

O olhar que despiu minha alma sem pedir licença.

âž»

Sem maquiagem.

Sem salto.

Sem mentiras.

NĂŁo era um convite.

Era um cĂłdigo.

Era um ultimato.

Era um jogo que eu não sabia se estava pronta pra jogar


Ou se jĂĄ tava perdida desde que ele me olhou pela primeira vez.

âž»

Me joguei na poltrona.

Envelope no colo.

Cigarro no cinzeiro.

Cidade lĂĄ fora ainda viva.

Mas aqui dentro


Tudo parou.

Tudo girou.

Tudo quebrou.

âž»

Ele me viu.

Me escolheu.

Me chamou.

E eu?

**Eu sabia que ia.

NĂŁo por submissĂŁo.

NĂŁo por curiosidade.

**Mas porque, no fundo
 todo predador sabe quando virou caça.

E toda mulher sente


Quando Ă© hora de parar de fingir que nĂŁo quer ser devorada.

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