Ela sai do banheiro como quem venceu uma guerra.
Salto firme. Cintura ereta. Sorriso de quem limpou o chĂŁo com a autoestima alheia.
Mas antes que alcance o salĂŁo principalâŠ
Uma voz a para.
Baixa. Precisa. Intoxicante.
â Impressionante⊠â diz, como se comentasse o pĂŽr do sol.
Ela vira.
Devagar.
NĂŁo por medo.
Por saber que aquele tipo de voz nunca vem Ă toa.
Ele tĂĄ ali.
Armand Delacroix.
Terno azul meia-noite.
Gravata de seda.
RelĂłgio que vale mais que um apartamento em Paris.
E um sorriso⊠que não é sorriso.
à uma promessa de caos, destruição e prazer caro.
Ele dĂĄ dois passos.
O cheiro dele chega antes:
Amadeirado. Tabaco. Dinheiro lavado. Pecado engarrafado.
â Valentina, certo? â pergunta, como se nĂŁo tivesse um dossiĂȘ dela mais completo que o RG.
Ela inclina a cabeça.
Cruza os braços.
â Depende⊠quem tĂĄ perguntando?
Ele sorri, mostrando os dentes.
Brancos. Perfeitos.
Perigosos.
â AlguĂ©m que sabe exatamente quem vocĂȘ é⊠E o que vocĂȘ faz.
SilĂȘncio.
Daqueles que gritam mais que palavras