Valentina volta pro salĂŁo.
O salto estala no mĂĄrmore como disparo de aviso.
Mas nĂŁo Ă© sĂł o som.
Ă o cheiro.
Ă o cheiro dele nela.
Ă o cheiro do perigo.
à o cheiro da proposta suja, da tensão não dita, do jogo sujo que acabou de começar.
E Dante percebe.
De imediato.
O olhar dele a atravessa do outro lado do salĂŁo.
Queixo levemente inclinado.
MĂŁo no bolso.
Maxilar travado.
A mandĂbula dele entrega o que o rosto nĂŁo grita:
FĂRIA CONTIDA.
POSSE ACENDIDA.
E DESEJO EM PONTO DE EXPLOSĂO.
Valentina segura o olhar.
Finge.
Sorri.
Cruza as pernas.
Mas sabeâŠ
Sabe que o dono viu.
Sabe que a coleira invisĂvel apertou.
Dante anda.
Devagar.
Cada passo é uma sentença.
Quem vĂȘ de fora acha que ele vai sussurrar, sorrir, dançar.
Mas nĂŁo.
Ele chega como predador que jĂĄ decidiu o que fazer com a presa.
A mĂŁo agarra a nuca dela.
Firme.
Puxando o cabelo pra trĂĄs.
Forçando o queixo dela pra cima.
â VocĂȘ tĂĄ brincando de quĂȘ, ruiva? â a voz Ă© tĂŁo baixa que parece um sussurro⊠mas Ă© uma lĂąmina.
Ela nĂŁo recua.