15. O carimbo esquecido.
A sexta-feira começou com um clima abafado, como se o céu sobre a cidade estivesse prestes a desabar. Isabela chegou cedo, como de costume, com os fones desligados e a mente agitada. Desde o encontro silencioso com Rafael no corredor, algo dentro dela parecia ter despertado — uma inquietação estranha, como se tudo ao seu redor estivesse prestes a mudar.
O turno do dia incluía os andares de RH e treinamento, setores menos movimentados, mas que exigiam atenção dobrada: eram áreas com papeladas confidenciais, arquivos trancados, salas que só podiam ser limpas mediante autorização.
Paulo, o colega de sempre, comentou com uma risada abafada enquanto ajustava as luvas:
— Hoje o pessoal do RH tá surtando com um envio de documentação pro jurídico. Parece que o prazo vence ainda hoje.
— Documentação de quê?
— Sei lá… contratos, coisa de gente de terno.
Isabela sorriu de leve, mas ficou atenta.
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Por volta das 10h, ela estava higienizando as maçanetas e mesas da sala de reuniões do RH,