216. Proposta de Acordo
A sala estava em penumbra, as persianas meio abaixadas filtravam a luz da tarde que começava a morrer do lado de fora. O clima era tenso. Rafael Arantes, sentado à cabeceira da mesa oval, aguardava que Isabela terminasse de ler o documento que ele havia deixado diante dela.
Era curto. Três páginas. Um texto enxuto, jurídico, polido. Mas que, para Isabela, gritava com o silêncio das concessões não ditas.
— “Compromisso Mínimo de Transparência e Governança” — ela leu o título em voz alta. — Mínimo?
— É um termo técnico — respondeu Rafael. — Uma prática comum em acordos emergenciais, especialmente quando há risco de ruptura com patrocinadores. Funciona como um sinal de boa fé enquanto se estabiliza o ambiente.
Isabela ergueu os olhos lentamente.
— Rafael, isso não é um acordo. É um pano quente.
— Não temos margem para exigências amplas agora. Eles pediram garantias de estabilidade e controle. Esse documento entrega isso. Nada impede que mais adiante evoluamos para mecanismos mais