6. O Toque no jaleco.
O corredor do 15º andar parecia mais silencioso naquela tarde. Os passos de Isabela ecoavam com leveza pelo piso encerado, misturando-se ao som abafado do sistema de ventilação. Havia acabado de concluir a limpeza da copa executiva e empurrava seu carrinho em direção ao elevador de serviço, quando ouviu vozes se aproximando. Rafael Arantes, acompanhado de dois executivos, caminhava em direção oposta, em ritmo apressado, como era costume. Terno impecável, gravata cinza-prata, a expressão séria de quem carregava não apenas decisões, mas o peso de mantê-las em segredo. Isabela recuou instintivamente para encostar o carrinho contra a parede, como sempre fazia para dar passagem aos superiores. Manteve a postura firme, o olhar para o chão — mas algo naquele momento parecia diferente, como se o ar estivesse mais denso. Ao passar por ela, Rafael virou-se ligeiramente para cumprimentar um dos executivos atrás de si. O gesto o fez desviar meio passo da rota… e então, de leve, o ombro de seu
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