16. Primeira prova.
Na manhã de terça-feira, o céu era de um azul tão límpido que parecia desmentir a tensão que pairava sobre os corredores da Constellation Global. Mas Isabela sabia — o clima podia ser claro, e ainda assim, as correntes subterrâneas da empresa continuavam a se mover em silêncio, como rios sob a superfície.
Ela já havia terminado a faxina no setor administrativo quando foi chamada por Paulo, com um bilhete dobrado nas mãos. O papel tinha o brasão interno da empresa e as iniciais “R.A.” no canto superior.
— É pra você — disse, coçando a cabeça. — A recepção mandou. E… parece sério.
Isabela desdobrou o bilhete com mãos firmes, mas coração acelerado:
“Favor comparecer à sala 15B às 11h. Sua atenção a detalhes será testada. — R.A.”
Ela leu o bilhete três vezes. A letra era firme, clara, e apesar da formalidade, havia uma provocação velada. Um teste.
Rafael Arantes. Ele mesmo.
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Às 10h58, subiu ao 15º andar com o jaleco impecável. O elevador parecia mais apertado do que nunca, o viso