219. Vozes Silenciadas
A manhã estava cinzenta quando Isabela Duarte recebeu a ligação inesperada. A voz do outro lado da linha tremia, carregada de urgência e preocupação.
— Isabela, preciso falar com você. É sobre o projeto em Vila Esperança, tem um minuto?
Do outro lado, Fernanda, ex-funcionária da iniciativa social, estava visivelmente abalada. Ela havia deixado a organização meses antes, mas ainda acompanhava os desdobramentos com uma preocupação que não conseguia ignorar.
— O que houve, Fernanda? — Isabela perguntou, inclinando-se para frente, a caneca de café esquecida ao lado. – Pode Falar.
— Tem algo errado. O projeto, que deveria estar em pleno funcionamento, está sendo boicotado. Documentos sumiram, recursos foram desviados, e pior, pessoas da comunidade estão sendo ameaçadas para que não participem.
Isabela sentiu um calafrio percorrer sua espinha. O que já era uma luta pela ética agora tinha rostos e nomes.
— Você tem provas? — perguntou.
— Tenho mensagens, gravações e testemunh