114-1. Ventos que sopram
Na manhã seguinte à retratação formal de Carla, o ambiente no prédio-sede da Constellation Global parecia carregado de expectativa. As conversas nos corredores se tornaram mais longas, os olhares menos disfarçados. Era como se uma nova camada tivesse sido descascada das relações internas — uma que misturava admiração, inveja e desconforto.
Isabela chegou cedo, como de costume. Atravessou o saguão de entrada com passos firmes, consciente de cada par de olhos que a acompanhava — uns por curiosidade, outros por respeito. E alguns, silenciosamente, por vergonha.
Ao entrar no elevador, cruzou com Paulo, o mesmo que dias antes encontrara os relatórios amassados no carrinho dela.
— Isabela… — ele disse, segurando a porta por um segundo. — Sobre aquele dia… eu errei no tom. Fiz suposições. Queria te pedir desculpas.
Ela hesitou por um instante, depois assentiu.
— Obrigada por reconhecer, Paulo. O momento era confuso. Espero que a gente possa seguir em frente.
Ele assentiu, constrangido,