No final daquela tarde, fui chamada até o escritório de Vittorio Montanari. As palavras vieram através de um dos empregados, em um tom que não admitia recusa.
O corredor que levava até lá parecia mais escuro do que o restante da casa. As sombras se arrastavam pelas paredes como lembranças que recusavam morrer. Havia algo no ar, uma tensão antiga, como se cada móvel carregasse o peso de decisões cruéis tomadas entre essas paredes.
Quando entrei, Vittorio já estava sentado atrás de sua imponente mesa de carvalho. As cortinas semiabertas deixavam a luz alaranjada do pôr do sol entrar em feixes finos, cortando o ambiente em tons de ouro e cinza.
Ele me observava com o olhar de um predador velho e paciente.
– Você sabe o que significa estar sob este teto, ragazza? – perguntou, frio e direto, sem rodeios.
Encarei-o, tentando manter a respiração firme.
– Estou começando a entender. – respondi com educação, mas sem submissão.
Vittorio assentiu lentamente. Então pegou uma fotografia antiga sob