Na tarde seguinte, enquanto me arrumava no quarto, os pensamentos dançavam como vultos diante do espelho.
Ainda sentia o cheiro de Dante em minha pele. O gosto dele em minha boca. O calor da sua presença entre minhas pernas.
Não havia arrependimento.
Mas havia confusão.
Meus dedos tocaram meus lábios, lembrando do beijo selvagem, da forma como ele me possuiu com os olhos, com o toque, com o corpo. Foi instintivo, animalesco e arrebatador. Uma entrega que veio da pele, não da razão. E ainda assim, agora, sozinha, sentia o peso do que aquilo representava.
Porque Enzo… Enzo era outra coisa.
Era o que não dizia. O que se reprimia. O que doía mesmo sem tocar. E quando olhava para mim, parecia lutar contra ele mesmo. Havia cuidado e raiva, posse e negação.
Dante me tomava.
Enzo me contornava.
E eu, perdida entre os dois, não sabia mais o que era estratégia e o que era sentimento real.
A noite chegou com sua usual grandiosidade silenciosa. Quando fui chamada à sala de jantar, imaginei que se