As Vozes do Silêncio
Na manhã seguinte, Ana Luísa despertou com a sensação de estar num mundo estranho.
A claridade filtrava-se pelas frestas das janelas da velha casa em Vale das Rosas, riscando o chão de madeira com feixes dourados.
O cheiro de poeira antiga misturado ao aroma de café vindo da cozinha indicava que tia Viviane já estava de pé.
Enquanto vestia uma calça jeans e uma camisa simples, Ana Luísa sentia a ansiedade crescer.
A presença de Rafael na noite anterior ainda ecoava dentro dela, como um sussurro desconfortável.
Não era apenas pela discussão embora isso já bastasse mas pelo modo como ele a olhara.
Aqueles olhos pareciam cavar dentro dela, como se quisessem descobrir algo que nem ela sabia.
Desceu as escadas e encontrou Viviane sentada à mesa, com o jornal local aberto.
— Dormiu bem? Perguntou a tia, empurrando uma xícara de café na direção dela.
Ana Luísa assentiu, sentando-se lentamente.
— Dentro do possível. Essa casa tem memórias demais. Cada canto parece gua