Ecos nas Paredes
O dia seguinte nasceu com um nevoeiro denso envolvendo Vale das Rosas, como se a cidade estivesse mergulhada em lembranças antigas e não quisesse acordar.
Ana Luísa caminhava pelo terreno da propriedade deixada por seu tio-avô com uma prancheta improvisada em mãos.
Vestia calça de sarja, botas encharcadas do orvalho e uma blusa larga que herdara da tia Viviane.
Ao empurrar o portão enferrujado que rangia como um lamento, sentiu um arrepio subir pela espinha.
O jardim, antes majestoso, estava tomado por mato alto, flores sufocadas e trepadeiras selvagens.
Uma mangueira antiga, torta e imensa, estendia seus galhos como braços protetores sobre um banco de cimento parcialmente coberto por folhas secas.
A casa, de arquitetura colonial, guardava ainda traços de imponência:
Janelas arqueadas, uma varanda coberta e pilares de madeira ornamentada agora lascada pelo tempo.
Mas tudo ali parecia suspenso no tempo, um relicário de silêncios, sombras e saudade.
Ana inspirou