A porta do escritório de Ezra se fechou atrás de Isla com um clique silencioso. Ela não tinha sido chamada. Tinha vindo. A necessidade de um porto, mesmo que fosse o porto do inimigo, a trouxera até ali.
A luz no escritório era baixa, apenas um abajur sobre a mesa de madeira maciça. Ezra não estava trabalhando. Estava de pé junto à janela, de costas, observando as luzes da cidade, um copo de algo âmbar na mão. Ele não se virou.
“Eu sabia que você viria,” disse ele, a voz serena, como se comentasse o tempo.
Isla parou no meio da sala. O nervosismo era um tremor fino em suas mãos. Ele parecia sentir, mesmo sem ver.
“Ninguém aqui te julga, Isla,” ele continuou, virando-se lentamente. Seus olhos prateados na penumbra pareciam emitir luz própria. “Comigo, você não precisa fingir estar inteira.”
O espaço entre eles era de apenas alguns metros, mas parecia encolher. O silêncio não era vazio. Estava carregado da pergunta não feita, do desejo não confessado, da lembrança fantasma do pão de Kai