Tive alta do hospital.

Quando chegamos ao nosso apartamento, encontrei meus sogros lá, claramente preocupados. Eles estavam cuidando da minha filha e dos meus irmãos com um carinho comovente. A pequena dormia tranquila no colo da minha sogra, enquanto meus irmãos estavam sentados no sofá, distraídos com um desenho na televisão.

Mas meu sogro... ele estava pálido, abatido. Havia algo em seu olhar — medo, cansaço, talvez tristeza profunda. Meu peito apertou. Senti uma pontada de culpa por tê-lo deixado ainda mais fragilizado, no estado delicado em que ele já se encontrava.

Meus pais me disseram que eu havia sofrido um acidente quando era criança. Um atropelamento, aos dez anos. Depois disso, esqueci algumas coisas da infância. Foi o que todos sempre me disseram. E eu acreditei. Nunca questionei. Aceitei aquilo como uma verdade que não precisava ser revista.

Cresci bem, cercada de amor pelo meu pai. Não sentia que algo me faltava. Não havia razão para cavar buracos no passado — até agora