Eu estava dirigindo com as mãos trêmulas, como se o volante fosse escapar dos meus dedos a qualquer momento. A pasta com os documentos e o pen drive estava no banco do passageiro, como se fosse uma bomba-relógio prestes a explodir — ou talvez, a única coisa capaz de impedir que a vida da mulher que eu amava fosse destruída de vez.
A cidade passava borrada pelo vidro do carro, luzes e sombras se alternando como num filme ruim. Meu coração estava acelerado, e mesmo com o ar-condicionado ligado, eu sentia o corpo suar por dentro. Eu ia conseguir. Ia entregar tudo. Soo-ah ia sair. Livre.
Meu celular vibrou no painel. Era um número do hospital.
— Alô?
— Senhor Eun-woo? Aqui é do hospital penitenciário. Sinto muito informar, mas Mi-rae não resistiu. Ela faleceu há pouco, após uma parada cardiorrespiratória. Fizemos o possível...
O resto da fala virou um zumbido na minha cabeça. A estrada pareceu desaparecer por um segundo, e precisei piscar com força para continuar vendo onde estava.
Mi-rae