Eu tinha acabado de dar de mamar para a minha filha, quando o meu celular começou a tocar.
Meus irmãos estavam na cozinha, rindo de algo entre um gole de suco e uma mordida em seus sanduíches. A empregada recolhia as cascas de pão com cuidado, sem levantar os olhos.
Peguei o telefone com uma mão ainda tremendo, o peso da maternidade recente se misturando ao cansaço. Atendi sem pensar muito.
— Sim?
— Oi. — Era a voz de uma mulher. Fria. Quase sem tom.
— Quem fala?
— Eu já fiz tudo que você pediu. Todos já estão mortos. Agora é hora de você cumprir a sua parte e transferir o restante da grana.
Meu corpo inteiro enrijeceu.
— Deve estar havendo algum engano… — murmurei, com a voz mais fina do que pretendia.
— Eu me vinguei por você. Enquanto você fingia ser a boa esposa, a boa mãe, a boa irmã… eu fiz o que você não teve coragem. Você me contratou pra isso. Só não entendi por que mandou poupar as crianças. A família que te criou… você os queria mortos.
Minha respiração travou. Senti o calo