O portão da mansão Villamar se abriu com um rangido metálico suave, como se até o som soubesse que estava prestes a testemunhar algo importante.
Elize sentiu a rigidez tomar conta de seus ombros assim que o carro atravessou o portão.
O ar parecia mais denso ali.
Cada detalhe da fachada — o jardim milimetricamente aparado, as colunas imponentes, a porta dupla de madeira nobre — gritava elegância, mas tudo nela queria gritar de volta: “Você não pertence a este lugar.”
O salto dos sapatos ecoava na pedra polida da entrada como um tambor acelerado, tão fora do compasso quanto o coração dela.
As mãos tremiam, mesmo escondidas no tecido do vestido. Ela tentou respirar fundo, mas só conseguiu puxar o ar até a metade.
Henrique percebeu.
Com a naturalidade de quem já tinha feito aquilo antes — atravessar aqueles portões para enfrentar os pais — ele segurou sua mão.
Não apertou, não guiou. Só ofereceu a presença firme, silenciosa, constante.
O polegar dele deslizou com carinho sobre a