O sino sobre a porta tilintou. Elize não se virou. Não conseguia. As mãos ainda apoiadas no balcão, os joelhos fracos, os olhos perdidos em algum ponto da parede à frente. O coração parecia preso na garganta, pulsando forte demais, descompassado. Beatriz o havia chamado de Rick. Rick. Um nome que ela não ouvia há sete anos. Um nome que, até aquele momento, ela quase conseguiu acreditar que havia inventado. O som dos passos desapareceu com o mesmo silêncio daquele dia. Como um fantasma atravessando sua rotina sem pedir licença.Elize sentiu o corpo ceder. Sentou no chão sem dizer nada, sem conseguir disfarçar o abalo. As palmas das mãos suavam, o estômago revirado. Madá se aproximou, devagar, cuidadosa. — Amiga, respira — disse, com a voz baixa, firme, mas cheia de carinho. E foi então que a lembrança voltou — invadindo como a maré. … O mar sussurrava ao redor do barco, embalando o corpo de Elize com uma paz que ela nunca tinha sentido. A noite estava fresca, e havia uma bri
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