O apartamento em Lisboa era pequeno, mas ensolarado. Helena abria as janelas todas as manhãs para deixar o vento entrar. Clara brincava com livros infantis no tapete, e Arthur preparava café com uma calma que só se aprende depois de sobreviver ao caos.
— Parece que a gente mora aqui há anos — disse ele, sorrindo.
— Ou parece que a gente finalmente chegou — respondeu Helena.
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A nova vida era feita de descobertas. Idioma, vizinhos, rotinas. Mas também de silêncio. O tipo de silêncio que vem depois da tempestade. Helena sentia que estavam seguros, mas também invisíveis. E isso a incomodava.
— A gente fugiu ou recomeçou? — perguntou ela, certa noite.
Arthur pensou por um instante.
— A gente escolheu viver. E viver não é se esconder. É florescer.
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O Instituto Clara agora tinha uma sede digital em português e inglês. Histórias chegavam de todos os cantos. Helena lia cada uma com atenção. Arthur respondia com delicadeza. E Clara, mesmo pequena, parecia entender que seus pais estavam co