Voltar para Istambul depois do que aconteceu em Bodrum foi como atravessar uma ponte em chamas e tentar fingir que nada havia pegado fogo. A cidade parecia diferente, como se tivesse absorvido parte da tensão que eu ainda carregava no peito. As ruas que antes me confortavam agora pareciam sussurrar perguntas, julgamentos, memórias.
Baran havia se tornado uma ausência presente. Mesmo longe, ele era uma sombra em cada canto do apartamento, em cada curva da minha mente. Os lençóis ainda guardavam seu cheiro, mesmo depois de tantas lavagens. Era como se minha pele sentisse falta do toque dele, mesmo enquanto minha razão implorava por distância.
Depois que ele saiu daquela forma abrupta, sem sequer me deixar dizer o que eu queria, fiquei paralisada. Passei dois dias inteiros sem sair de casa, encarando a porta como se ele pudesse voltar. Mas ele não voltou.
Foi Yasmin quem me arrancou da letargia. Ela apareceu na minha porta com uma garrafa de vinho e uma expressão que não admitia recusas.