O sol da manhã entrava pelas janelas do quarto, tímido e suave, lançando feixes dourados sobre a cama desfeita. Eu estava deitada, com a cabeça sobre o peito de Baran, ouvindo os batimentos do coração dele como se fossem a trilha sonora da minha paz. Seus dedos acariciavam meus cabelos em silêncio, e por um instante, o mundo parecia distante.
— Faz quanto tempo que você não dormia assim? — perguntei, quebrando o silêncio.
— Não sei — ele respondeu, com a voz rouca. — Talvez desde a primeira vez que você entrou na minha vida.
Sorri contra a pele dele, mas uma parte de mim ainda sentia o receio pendurado no ar, como uma promessa não dita.
— Eu senti sua falta — sussurrei. — Muito mais do que imaginei que fosse possível.
Ele se virou de lado, ficando de frente para mim. Seus olhos, por fim, estavam mais claros, menos carregados daquele negrume sufocante que me perseguia em suas ausências.
— Eu sou um covarde com você, sabe disso? — ele disse. — Eu te empurro pra longe porque me odeio por