A manhã chegou carregada de tensão. A mansão estava silenciosa demais. Até mesmo os empregados, normalmente ágeis e solícitos, andavam como sombras nos corredores. Algo estava mudando. Eu podia sentir no ar, como se o mundo estivesse prestes a desabar.
Mehmet ainda não tinha voltado para a cama. Eu o encontrei novamente no terraço, como na noite anterior, mas desta vez ele estava ao telefone, falando em turco com alguém que parecia irritá-lo profundamente.
— …não quero justificativas. Se não resolver isso em vinte e quatro horas, não me ligue mais — disse ele, encerrando a ligação com força.
Ele se virou e me encarou. A exaustão estampada no rosto. A barba por fazer, a camisa amarrotada, o olhar… sombrio.
— Temos um problema em Izmir. Um dos carregamentos foi interceptado. Não foi a polícia.
— Foi Engin?
— Provavelmente.
A resposta seca, sem rodeios. Sentei-me na poltrona de vime, sentindo a brisa da manhã acariciar meu rosto.
— Então ele já começou.
— Sim. E se ele teve coragem de at