Aquela manhã tinha gosto de café forte e silêncio. Mehmet estava mais calado que o normal, seus olhos atentos aos movimentos ao redor como se sentisse que algo estava prestes a acontecer. Ele tinha essa sensibilidade aguçada — um instinto moldado pela vida que levou. Enquanto eu passava manteiga no pão e tentava fingir normalidade, sentia a tensão irradiando dele como uma tempestade prestes a explodir.
— Você dormiu mal? — perguntei, tentando parecer casual, mesmo com o estômago revirando.
Ele ergueu os olhos para mim. Olhos de homem marcado pela guerra.
— Recebi uma mensagem ontem à noite. Um aviso. O homem que jurou vingança contra minha família… está de volta a Istambul.
— Quem?
— Ferhat Yalçın — ele disse o nome como quem cospe veneno. — Um fantasma do passado. Um que eu achei que tinha enterrado junto com a velha guarda da máfia turca.
Senti um arrepio na espinha. O nome era novo pra mim, mas o medo que tomou conta dos olhos de Mehmet dizia tudo.
— Ele quer te matar?
— Ele quer d