O apartamento de Mehmet sempre foi para mim um refúgio e um mistério. Agora, enquanto eu atravessava o corredor até a porta, sentia o peso daquilo que ele carregava escondido no olhar. As paredes, adornadas com objetos que contavam histórias de um passado que eu mal começava a desvendar, me faziam lembrar que o homem ao meu lado não era só o poderoso mafioso turco que o mundo conhecia, mas também alguém que havia sofrido, amado e perdido muito.
Abri a porta devagar, com aquela ansiedade silenciosa que nasce quando se está diante de uma pessoa importante e um momento decisivo. Ele estava no sofá, a luz do fim de tarde pintando seu rosto com tons dourados e sombras. Olhou para mim com uma mistura de alívio e tristeza.
— Você veio — disse ele, com aquela voz rouca que sempre mexia comigo.
— Sempre venho — respondi, sentando ao seu lado, sentindo o cheiro característico dele, uma mistura de tabaco e especiarias.
Havia uma distância que não era física, mas emocional. Eu sabia que havia alg