Ana
Eu entrei na cafeteria como quem pisa num novo mundo.
O cheiro de café recém-passado, a música ambiente suave e as mesinhas redondas com gente rindo me deram uma sensação boa — tipo “ufa, finalmente alguma coisa deu certo na minha vida”.
Ajeitei a blusa, respirei fundo e fui direto até o balcão.
Tinha um cara lá atrás, limpando a máquina de expresso com um foco de cirurgião. Ele usava o avental da cafeteria e um coque baixo que deixava umas mechas de cabelo preto caindo no rosto.
— Oi! — falei, tentando parecer confiante, mas soando mais animada do que o aceitável pra aquele horário. — Sou a nova funcionária!
Ele levantou o olhar, me analisou por meio segundo e depois abriu um sorriso fácil, daqueles que já te colocam à vontade.
— Ah, então é você a nova! Prazer, Tobias Carlos. — Tirou uma luva e apertou minha mão. — Pode respirar, tá? Ninguém morde aqui… só às vezes, quando o café acaba.
Ri nervosa.
— Ufa, então ainda tô segura.
— Por enquanto. — Ele encostou no balcão e me olhou