Ana
“Primeiro dia, Ana. Você já passou por coisa pior. Tipo desabamento, ex-namorado tóxico, e agora… café queimado. Tranquilo.”
Tobias apareceu perto de mim com um pano nas mãos e sussurrou:
— Ei, quer uma dica?
— Por favor.
— Quando a máquina apitar duas vezes, é porque o café terminou de passar. Se apitar três, corre, porque transbordou.
— E se eu ouvir quatro apitos?
— Aí você reza.
Soltei uma risada baixa, tentando não chamar atenção.
Tamar lançou um olhar rápido na direção da gente, e ele fingiu que tava limpando o balcão.
…
O tempo foi passando e eu comecei a pegar o ritmo.
Servi alguns pedidos, limpei mesas sem derrubar nada e até acertei um cappuccino de primeira.
Tamar não elogiou, óbvio — mas também não reclamou, o que pra mim já era tipo um troféu.
Perto do meio-dia, o movimento ficou insano.
Gente entrando, pedidos acumulando, e eu tentando não misturar “média com leite” com “latte duplo sem espuma”.
Tobias fazia malabarismo entre as mesas, e Tamar falava no celular com o