Ana
Eu sempre achei que arrumar uma mala era sinônimo de tédio. Mas, naquela manhã, cada peça de roupa que eu dobrava parecia ter um peso diferente. E não era por causa das roupas em si, mas por causa de uma pergunta que enchia a minha cabeça desde o hospital.
O que, afinal, Lex ia me confessar?
O quarto do hotel estava silencioso, só o barulho do zíper das minhas bolsas me fazendo companhia. Mas, dentro da minha cabeça, era como se houvesse um cinema em sessão especial, projetando cenários malucos sobre o que poderia ter acontecido se o médico não tivesse interrompido.
Na primeira cena, eu imaginava Lex me encarando com aquele olhar azul intenso e dizendo num sussurro carregado de mistério.
— Ana, eu sou um espião internacional.
Aí a cena ficava ainda mais cinematográfica: helicópteros, códigos secretos, perseguições de carro. Eu, claro, participando da missão como a parceira perfeita. Quase ri sozinha da ideia de Lex usando smoking e óculos escuros em plena madrugada.
Na segunda cen