Ana
Quando abri a porta, Lex não entrou como um furacão. Nem parecia o homem que me desmontava só com o olhar. Ele entrou calmo. Silencioso demais. O tipo de silêncio que grita. Carregava aquele jeito seguro, como se soubesse de tudo — e talvez soubesse mesmo.
Me afastei instintivamente, como se minha própria culpa ocupasse espaço. Lex fechou a porta atrás de si, sem pressa, e me olhou com uma expressão indecifrável. Nenhum sorriso, nenhum julgamento aparente. Apenas aquele maldito autocontrole que me fazia querer gritar.
— Vi que você me mandou algo... e apagou — ele disse, com a voz baixa e direta. — Preferi vir aqui perguntar pessoalmente.
Congelada. Como se o chão tivesse sumido dos meus pés. Meu coração parou por um segundo — ou pelo menos pareceu. Meus dedos formigavam, e eu não sabia se era o álcool ainda no sangue ou o puro desespero.
— Merda, merda, merda — murmurei pra mim mesma, quase sem som. A cabeça fervendo, tentando pensar rápido, mas só vinha um pensamento: ele viu. E