Ana
O bistrô era pequeno, bonito e tão silencioso que eu conseguia ouvir meu próprio nervosismo respirando.
Aquelas luzes amareladas penduradas sobre as mesas pareciam saídas de um filme romântico, e o ar frio da noite só deixava tudo mais... perigoso.
Lex escolheu uma mesa no canto, bem reservada, cercada por plantas e velas. Claro. Ele sempre sabia onde me deixar sem escapatória.
Quando o garçom trouxe o cardápio, minhas mãos tremiam tanto que quase deixei o menu cair no chão. Quase.
— Tá tudo bem? — ele perguntou, com aquele sorriso torto que me desmontava desde o primeiro dia.
Assenti rápido demais.
— Tá. Tudo ótimo. — E, no mesmo segundo, derrubei o guardanapo em cima da vela acesa.
Ele riu, baixo, e apagou a chama com os dedos antes que o pano pegasse fogo.
— Relaxa, Ana. Não precisa me impressionar.
Senti o rosto esquentar até a alma.
— Eu não tô tentando te impressionar — menti descaradamente. — Só tô... nervosa com a quantidade de talheres.
Ele deu uma risadinha curta.